1. Pular em um pé só = Desenvolvimento da consciência das linhas médias
Criança gosta de se movimentar – e, quando elas gostam de alguma coisa, não querem mais parar… o que se casa perfeitamente com as regras da amarelinha.
Acredite se quiser, mas pular em um pé só é uma das atividades mais complexas que o corpo humano pode realizar. O termo técnico para isso é “movimento homolateral”. Em poucas palavras, significa movimentar um lado do corpo enquanto o outro lado permanece imóvel. Na criança, a capacidade de pular em um pé só indica o aperfeiçoamento da coordenação motora, do equilíbrio e do desenvolvimento cognitivo. É importante ter em mente que o desenvolvimento da coordenação motora de seu filho é acompanhado da constituição de caminhos neurais essenciais no cérebro. São exatamente esses caminhos que, mais tarde, canalizarão as tarefas distribuídas entre os hemisférios cerebrais direito e esquerdo, envolvendo criatividade, raciocínio lógico e auto-regulação.
2. É proibido pisar na linha = Controle corporal
Podemos até pensar que criança não gosta de obedecer, mas a verdade é que as regras conferem o senso de desafio que torna os jogos como a amarelinha tão divertidos.
Pular em um pé só é muito divertido, mas é muito fácil depois que se pega o jeito – a menos que algo aumente o grau de desafio. Por isso o mecanismo da amarelinha é tão interessante, levando a criança a pular em um pé só, saltar e realizar movimentos de parada, exercendo um controle deliberado sobre o corpo. Assim, a amarelinha é ideal para treinar o autocontrole da criança.
3. Parar e Recomeçar = Ritmo corporal
O mais legal de pular amarelinha é que, para ficar bom no jogo, é preciso encontrar um ritmo corporal regular. Ao oferecer tantas oportunidades de pular em um pé só, a amarelinha serve como exercício para que a criança encontre seu próprio ritmo. E ainda: as regras do jogo exigem que a criança pare de pular, faça outra coisa e recomece. Essa é a melhor maneira de desenvolver o ritmo.
O ritmo corporal é como um metrônomo interno – a “batida” constante de como movemos nosso corpo, o que, por sua vez, ajuda no desenvolvimento de uma infinidade de outras habilidades e competências que vão além do movimento. Por exemplo, o ritmo corporal está na base do processo de aquisição da linguagem, auxiliando a criança a ajustar-se a diferentes padrões da fala, o que, por sua vez, auxilia na memorização. Por exemplo, o que vem à mente quando você ouve a musiquinha: “rá-rá-rá-ró-ró-ró”?
4. Saltos = Força muscular
Quando pular em um pé só não constituir mais um problema para a criança, o próximo desafio é saltar – uma parte importante da amarelinha. Conforme o jogo avança, a criança tem de saltar sobre duas ou mais casas de uma só vez. Isso já é difícil usando os dois pés, mas, na amarelinha, é preciso usar apenas um pé, o que requer muita força muscular.
O exercício da força muscular auxilia no desenvolvimento do vigor físico, é claro, mas há algo ainda mais importante: quando uma criança pequena se propõe novos desafios físicos, o cérebro registra essas sensações e se prepara para enfrentar desafios ainda maiores em outras áreas da vida e do processo de aprendizado. Por exemplo, quando confrontado com um intrincado problema de matemática, a criança que treinou o esforço necessário para saltar tem mais chance de perseverar em sua solução.
5. Em um pé só = Equilíbrio
Uma partida de amarelinha tem geralmente a seguinte configuração: Lançar a pedrinha – saltar a casa da pedrinha – pular em um pé só – parar – voltar – pular em um pé só – parar – curvar-se – endireitar-se – saltar. Baita teste de equilíbrio é fazer tudo isso usando apenas um pé!
O equilíbrio é parte fundamental de todo movimento físico, bem como do desenvolvimento cognitivo, emocional e social. A amarelinha foi engenhosamente pensada para desafiar o senso de equilíbrio e de orientação da criança.
6. As casas = Noção de espaço
As casas (ou quadradinhos) que compõem o diagrama da amarelinha delimitam o espaço do jogo, determinam as regras e constituem o elemento desafiador.
Hoje em dia, é comum encorajar a criança a “pensar fora da caixa” ou “inovar”. Esse incentivo ao pensamento criativo e à solução de problemas é ótimo. Mas, às vezes, “caixas” ou limites são necessários para ajudar a criança a desenvolver habilidades cognitivas fundamentais. O jogo da amarelinha trabalha essa noção. Ao estabelecer que a criança deve pular dentro das casas do diagrama, o jogo auxilia no desenvolvimento da noção espacial.
7. Lançando a pedrinha = Coordenação óculo-manual
O primeiro ato do jogo é lançar a pedrinha (ou tampinha de garrafa) sobre o diagrama. O jogador não começará enquanto não conseguir fazer a pedrinha parar na casa certa. Essa regra é um motivador natural para a coordenação óculo-manual.
Esse início singelo é na verdade um teste da habilidade da criança em identificar um alvo com os olhos e traduzir esse conhecimento em termos de movimento do braço e da mão, calculando corretamente a força necessária para atingir o objetivo. Isso é coordenação óculo-manual em ação. Embora não percebamos, demanda muita atividade cerebral e corporal. E, é claro: a cada rodada, o alvo se modifica, ficando cada vez mais distante, o que desafia a habilidade da criança em realizar pequenos ajustes para manter a precisão do movimento.
8. Apanhar a pedrinha = Coordenação motora fina
O senso de realização está presente em cada rodada, simbolizado pelo ato de apanhar a pedrinha na casa. E a amarelinha não pega leve com os pequenos – o que é parte do jogo!
Interromper bruscamente o movimento já é difícil, mas as regras exigem ainda mais: o jogador deve curvar-se e apanhar a pedrinha. Isso requer muito controle corporal e concentração. A amarelinha demanda ainda o exercício do controle fino dos músculos dos dedos a fim de alcançar e resgatar a pedrinha.
9. Estratégia = Sequência e Senso de prioridade
Uma vez que a configuração do diagrama se altera a cada rodada, a criança tem de raciocinar como irá vencê-lo a cada vez.
Os jogos em geral treinam a capacidade de planejamento e elaboração de estratégias – uma habilidade muito necessária para a vida. Mas, diferentemente dos jogos sedentários de tabuleiro, o pula-pula da amarelinha permite à criança colocar em prática, fisicamente, seu plano de ação, ao mesmo tempo em que trabalha a capacidade de adaptação.
10. Minha vez, sua vez = Desenvolvimento social
Por ter regras simples, repetitivas e fáceis de aprender, a amarelinha é um jogo que prende a atenção das crianças, ainda quando não estão em sua vez de jogar.
Muitas amizades começam com a prática de jogos assim, porque as experiências sociais proporcionadas por eles criam o ambiente ideal de aprendizado sobre o relacionamento com o próximo.
11. Ganhar ou perder = Desenvolvimento da personalidade
Jogos que envolvem uma competição leve naturalmente estimulam a criança a dar o seu melhor. Ninguém precisa ficar gritando palavras de incentivo. A natural atração humana pelo sucesso é tudo de que a criança precisa para se esforçar um pouco mais. O florescimento do espírito esportivo na criança é importante para o desenvolvimento de habilidades e atitudes necessárias para uma vida mais equilibrada.
Artigo de Gill Connell e Cheryl Mccarthy traduzido do inglês com permissão de Moving Smart
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